sexta-feira, 12 de setembro de 2014


TARDE DE VERÃO          

          

           Na tarde dum Verão abrasador,
           Procuro que uma sombra me proteja.
   Sento-me à mesa, peço uma cerveja,
E olho o panorama em meu redor, 


Mulheres lindas fogem ao calor,
Vestindo a minissaia que as areja,
De modo que o umbigo bem se veja,
E os seios se desnudem sem pudor. 


Pesam-me os anos já nesta visão,
Pois que o passado é, agora, um mito
E o presente só mera presunção. 


Por isso na velhice cumpro um rito:
Sentado ali, olhando a multidão,
Cerro os olhos e, às tantas, já dormito.


quinta-feira, 11 de setembro de 2014

A MINHA ROSA AMARELA
No roseiral do jardim,
Há uma rosa amarela:
Eu nunca vi rosa assim,
Nem sei dizer como é bela.
 
Tão macia, tão sedosa
Na sua cor tão singela,
Tão perfumada, amorosa,
Que me apaixonei por ela.
 
É uma rosa encantada
Por um duende qualquer,
Deu-lhe a beleza uma fada,
O cheiro não sei dizer.
 
Choro a minha tristeza
Junto à rosa desta cor,
Nas demais, tenho a certeza,
Encontro paz e amor.
 
Por rosas me apaixonei,
Nos caminhos deste Mundo,
Por amarelas, bem sei,
Tenho um carinho profundo.
 
Nostálgica, indefinida,
É na tristeza um abrigo,
Acompanha-me na vida,
E há-de morrer comigo.
 
E sempre que fenecer,
Desfolhada, sem acção,
Outra rosa há-de nascer,
Dentro do meu coração.