Ao Constância visitar
Que espanto não foi o meu,
Ver o Camões ali estar,
Que espanto não foi o meu,
Ver o Camões ali estar,
Sentado de pés ao léu.
Teria havido um percalço,
Ou devaneio do escultor?
Estar ali de pé descalço,
Não será pouco rigor?
Camões à beira do rio,
Em situação de revés,
Mesmo no Inverno frio,
Ia ali molhar os pés?
Dos joanetes sofria,
Ou estaria tão cansado
Que se sentou, quem diria,
Tendo os sapatos tirado?
Toda a gente sabe disso,
Também sofria dos calos,
Ou picou-se num caniço?
Talvez fosse matacanha,
Pegada no Oriente,
Ponho estas questões sem manha,
E a dúvida é pertinente
Mas não vi nenhum calçado
Ali ao pé da escultura.
Os sapatos, desgraçado,
Deixaste-os na sepultura?
Não quero aqui ser profeta
Somente venho alertar:
Calcem mas é o poeta,
Que se pode constipar!
O meu segundo "diferendo" vem do facto de eu ser um indefectível opositor da ideia de se aprisionarem animais, sejam eles quais forem, como forem, ou a que pretexto forem. Talvez por ter andado por África e ter visto aquela ainda imensa e variada bicharada movendo-se em infindáveis planícies (tandos), criei este conceito de que a nossa Mãe Natureza não criou tanta variedade de bichos para estarem metidos em jaulas e gaiolas. E foi o que quis dizer nestas minhas quadras:
LIBERTEM AS BORBOLETAS!
Novo
Almourol diz então:
Em
Constância, (custa a crer),
Fizeram
uma prisão,
Prás
borboletas meter.
Para
não ferir a mente,
Num
gesto discricionário,
Deram-lhe
um nome eminente,
Que
nem está no dicionário.
Seja
o nome lá que for,
É
sempre uma coisa feia.
Para
mim causa horror
Ver
insetos na cadeia.
Constância
é meu percalço,
Faz-me
sempre confusão:
O
Camões de pé descalço,
Borboletas
na prisão.
A
nossa Mãe Natureza,
Pô-las
no mundo animal,
Pra
mostrar sua beleza
Em
liberdade total.
Exijo
pois, sem demora,
E
não me venham com tretas,
Quero
os insetos cá fora,
LIBERTEM AS BORBOLETAS!
Sem comentários:
Enviar um comentário