domingo, 18 de agosto de 2013

         OS DIALETOS DE MOÇAMBIQUE E OS PORTUGUESES

                           Muitos e  variados são os dialetos falados pelas diferentes etnias que constituem a população moçambicana. Numa vasta área  que tem como capital Inhambane, habitam os (bi) tongas a cujo dialeto se foram buscar as palavras aqui utilizadas.
                           Como se sabe, a partir da Conferência de Berlim (1884/85), Portugal ficou obrigado a ocupar e administrar o território localizado na parte Oriental do continente Africano que lhe coube nessa partilha, tarefa que foi concretizando à sua boa maneira do "desenrasca". Punha-se, então, o problema de como dialogar com aquelas populações com etnias e dialetos bem diferenciados e que, para mais, não conheciam a escrita. Para "desenrascar" esta situação havia apenas duas formas de o fazer: ou aprender a falar os dialetos locais (muitos e variados) ou ensinar português às populações nativas. Portugal optou pela segunda via que executou pessimamente, primeiro através das Missões Católicas e, depois, por  conta própria numa alfabetização muito primitiva e caótica. Quanto aos colonos portugueses, eles que se "desenrascassem" também, o que fizeram com assinalável êxito, sobretudo os que, por força da sua atividade, tinham necessidade de um contacto direto e permanente com aquelas populações. Por outro lado as autoridades militares e administrativas serviam-se da figura do interprete que, melhor ou pior, lá solucionava  aquelas divergências linguísticas. Mas os portugueses - emigrantes natos - com a sua indesmentível capacidade em se ambientarem aos meios para onde se transferem, cedo passaram a utilizar muitas das palavras oriundas dos dialetos locais para o seu falar corrente em Moçambique.
                             É, porém, com alguma estranheza que vejo algumas dessas palavras incluídas no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa e pergunto-me : - então o colonialismo não acabou? Ou será que este retângulo à beira-mar plantado vai passar a falar tsonga, xironga, chope ou sei lá mais o quê?
                            Se a sanha de destruir tudo o que cheire a colonialismo ainda os não queimou, há pelas nossas bibliotecas milhares de livros acerca deste tema que serão preciosos para auxiliar nessa  ingente tarefa  que será a de pôr os portugueses a falar línguas africanas. Já agora com mais acordo menos acordo talvez a coisa fique facilitada.
                            Nestes tempos de "estranha" cultura, vejo na Internet coisas inconcebíveis como a que li num blog qualquer onde se afirmava  que Vasco da Gama "atracou" a Inhambane (SIC).Mas Inhambane já existia em 1498? E até  tinha cais ? Para quê? Certamente para atracar as corvetas, o cruzador e o porta-aviões do Gama, acrescento eu.
Valha-te Deus Portugal...

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