quarta-feira, 26 de março de 2014

ONDE VAIS PARAR REFORMA

Poesia, disse Rabindranath Ta gore "é o eco da melodia do Universo no coração dos humanos". Eu direi antes: é o eco, sem melodia alguma, da desolação dos reformados portugueses perante os desumanos corações de quem os governa. Aqui vai o meu contributo em prova desta asserção:

 
      PARA ONDE VAIS TU REFORMA
 

São hoje dezanove, o dia certo.
Acordo de manhã em alvoroço,
E corro ao multibanco, ali bem perto:
Quero saber se hoje inda há caroço.
 
É que já me cortaram na reforma,
E ameaçam um dia cortar mais,
Se os cortes vão passar a ser a norma,
Pobre pensão pra onde é que tu vais 

Chego a um dia, sem eu dar por isso,
Neste cortar assim tão vigoroso,
Só tenho pra comer pão com chouriço,
E se este estiver podre ou rançoso.

Neste país falido, sem futuro,
Onde prós velhos se acabou a vida,
Um dia lá mais tarde, o que eu auguro:
-Ver a reforma aos poucos ser delida.
 
Por isso me antecipo a pensar,
Só há uma solução no horizonte:
Construo uma barraca e vou morar,
NUM SÍTIO RESGUARDADO, SOB A PONTE!

 
Rio de Mouro, 25 de Março de 2914
 
                           MAIA PEREIRA



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